domingo, 7 de junho de 2009

Guimarães Rosa...

O bom escritor é um descobridor; (...). Considero a língua como meu elemento metafísico: escrevo para me aproximar de Deus, estou sempre buscando o impossível, o infinito. (...) Sou místico: posso permanecer imóvel durante longo tempo, pensando em algum problema a esperar. (...) Nós, sertanejos, somos tipos especulativos, a quem o simples fato de meditar causa prazer. (...) Os livros nascem quando a pessoa pensa; o ato de escrever já é a técnica e a alegria do jogo com as palavras. (...) Faço do idioma um espelho da minha personalidade para viver: como a vida é uma corrente contínua, a linguagem também deve evoluir constantemente (...). Escrevendo, descubro sempre um novo pedaço de infinito. Vivo no infinito, o momento não conta (...). Existem elementos da língua que não podem ser captados pela razão; para eles são necessárias outras antenas. (...) Meus livros são escritos em um idioma próprio, um idioma meu (...); não me submeto à tirania da gramática e dos dicionários dos outros.

(Guimarães Rosa)

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