quarta-feira, 22 de abril de 2009

Desencanto

Eu faço versos como quem chora
De desalento... De desencanto...
Feche o meu livro, se por agora
Não tens motivo nenhum de pranto.

Meu verso é sangue. Volúpia ardente...
Tristeza esparsa... Remorso vão...
Dói-me nas veias. Amargo e quente,
Cai, gota a gota, do coração.

E nestes versos, de angústia rouca,
Assim dos lábios a vida corre,
Deixando um acre sabor na boca

- Eu faço versos como quem morre.

(Manuel Bandeira)

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