quinta-feira, 8 de outubro de 2009

João Cabral de Melo Neto... alguns poemas...

O MUSEU DE TUDO

Este museu de tudo é museu,
Como qualquer outro reunido;
Como museu, tanto pode ser
Caixão de lixo ou arquivo.
Assim, não chega ao vertebrado
Que deve entranhar qualquer livro:
É depósito do que aí está,
Se fez sem risca ou risco.



O FIM DO MUNDO

No fim de um mundo melancólico
Os homens lêem jornais.
Homens indiferentes a comer laranjas
Que ardem como o sol.

Me deram uma maçã para lembrar
A morte. Sei que cidades telegrafam
Pedindo querosene. O véu que olhei voar
Caiu no deserto.

O poema final ninguém escreverá
Desse mundo particular de doze horas.
Em vez de juízo final a mim me preocupa
O sonho final.



O ARTISTA INCONFESSÁVEL

Fazer o que seja é inútil.
Não fazer nada é inútil.
Mas entre fazer e não fazer
Mais vale o inútil do fazer.
Mas não, fazer para esquecer
Que é inútil: nunca o esquecer.
Mas fazer o inútil sabendo
Que ele é inútil, e bem sabendo
Que é inútil e que seu sentido
Não será sequer pressentido,
Fazer: porque ele é mais difícil
Do que não fazer, e dificilmente
Se poderá dizer
Com mais desdém, ou então dizer
Mais direto ao leitor Ninguém
Que o feito o foi para ninguém.

Um comentário:

  1. ... ...traigo
    sangre
    de
    la
    tarde
    herida
    en
    la
    mano
    y
    una
    vela
    de
    mi
    corazon
    para
    invitarte
    y
    darte
    este
    alma
    que
    viene
    para
    compartir
    contigo
    tu
    bello
    blog
    con
    un
    ramillete
    de
    oro
    y
    claveles
    dentro...


    desde mis
    HORAS ROTAS
    Y AULA DE PAZ


    TE SIGO TU BLOG:
    FOI ESCRITO




    CON saludos de la luna al
    reflejarse en el mar de la
    poesia ...


    AFECTUOSAMENTE
    FOI ESCRITO




    jose
    ramon...

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